No Cucumbi, perto de Montemor-o-Novo, os hóspedes são sempre convidados para jantar
Há lá maior mordomia do que ser recebido pelos donos da casa com tanta simpatia que nos apetece logo ficar a conviver com eles à volta da mesa? Neste turismo alentejano é assim que as coisas funcionam, de forma simples e natural.
Ainda não tínhamos acabado de beber o copo de água fresca que nos atenuou a caloraça alentejana, nem de mordiscar o bolo caseiro de espinafres, e já estava em cima da mesa um convite para o jantar. Ficámos com pena de não poder aceitar, pois, naquela noite, um hóspede que trabalha como chefe, em Barcelona, ofereceu-se para ajudar na hora de ir para a cozinha. No Cucumbi, no concelho de Alcácer do Sal, as coisas passam-se assim, com uma naturalidade que desarma o mais formal dos visitantes. A riqueza deste turismo não reside apenas no sossego de ouvir os passarinhos, enquanto se descansa à beira da piscina ou se faz uma caminhada pela quinta, mas sobretudo na simpatia da família que o gere. Há menos de um ano, mudou-se de Lisboa para aqui e, agora, abre as portas para receber quem a visita, quase com amizade.
Catarina Francês, 47 anos, é a cara do projeto, mas o filho do meio, João, de 21, também anda por aqui a dar forma ao que acabou de aprender no curso de hotelaria na Suíça. Ainda falta o pai, Tozé, mas esse passa mais tempo em Angola do que na aldeia do Barrancão, por isso nem sempre está no Cucumbi. A esta equação soma-se Fernando Oliveira, 34 anos, o amigo que também decidiu ser estalajadeiro desta quinta de família com 118 hectares. E é ele que normalmente cozinha para os hóspedes, por paixão.
Todos estão apostados em que, dentro de um ano, os jantares vegetarianos que oferecem aos hóspedes possam ostentar, na totalidade, a insígnia farm to table. É para esse fim que andam a cultivar uma grande horta, em estufa, e a investir fortemente numa criação de galinhas, em modo de produção biológico. Os seus ovos já são servidos ao pequeno-almoço.
No que toca a dormidas, que é para isso que aqui estamos, na quinta há agora três apartamentos e quatro quartos à disposição, decorados por Sofia Albuquerque, com a simplicidade que se quer para um lugar no campo, onde se pode realmente desligar. Também há uma sala de jogos bem equipada e um atelier de cerâmica para workshops. Na sala comum, há um piano, que clama por ser tocado. Oiça-se música, que os restantes ingredientes para uma escapada tranquila já cá estão.